Mindful eating – 40 dias de Alimentação Consciente

terça-feira, junho 27, 2017


Nos últimos meses (março, abril) consegui observar que, especialmente no final do dia, me alimentava mal e que me apeteciam alimentos pouco saudáveis e ricos em sal, como por exemplo batatas fritas. Resolvi parar e investigar o que estava a acontecer com a minha alimentação e foi fácil perceber que estes meus hábitos não coincidiam com o estilo de vida a que me propus nem com a forma equilibrada com que desejo estar no meu dia a dia.
Assim, por iniciativa própria, resolvi iniciar, no dia 14 de maio, um regime que apelidei de Alimentação Consciente e que durou 40 dias. Não foi uma dieta, pois a minha intenção não foi emagrecer, mas sim nutrir o meu corpo da melhor forma, escutando as suas verdadeiras necessidades e não cedendo a impulsos ou desejos infundados. Para este regime baseei-me no Mindful Eating.
Este conceito junta Mindfulness e comida e centra-se nas escolhas que fazemos para nos alimentarmos. A palavra escolha é fundamental, pois ao longo destes 40 dias pude aperceber-me de várias situações que estavam a contribuir para o meu comportamento e uma delas foi, sem dúvida, a impulsividade, que surgia especialmente quando estava com fome.
Desta forma optei por algumas estratégias, que vieram a revelar-se muito eficientes e facilitadoras destas minhas intenções –  perceber o que me faz sentir bem e cuidar do meu corpo de forma mais atenta, sentindo e respondendo aos sinais que ele me dá e que passo a enumerar:
ü  Partilhar publicamente e com as pessoas à minha volta (família) as minhas intenções: desta forma passou a existir uma espécie de compromisso conjunto e nos momentos de maior tentação (festas, almoços convívio…) foi mais fácil manter o que me propus porque a minha família e amigos reforçavam as minhas intenções;
ü  Perceber quando é que tinha fome e que sensações sentia no meu corpo: ao fazer esta observação entendi que no geral comia muito mais do que realmente necessitava e senti-me bem ao lidar com a sensação de fome, na medida em que me permitiu antecipar alguns comportamentos que tinha sob o seu efeito;
ü  Ir às compras sem fome: a tendência para trazer produtos processados e não saudáveis é sem dúvida muito maior quando estou com fome;
ü  Ter sempre uma garrafa de água comigo: para além de hidratar, também foi bastante útil quando começava a sentir fome;
ü  Ter sempre um snack SOS para quando saía de casa, como por exemplo uma maçã ou frutos secos, pois assim quando sentia o desejo de comer ficava mais fácil resistir a alimentos processados;
ü  Lavar sempre os dentes imediatamente após as refeições: apercebi-me que não voltava a comer nada após esta rotina de higiene o que permitiu acabar com o petiscar após as refeições, principalmente o jantar;
ü  Comer com calma, sentada e mastigando muito bem (cheguei a contar até 30 enquanto mastigava antes de engolir);
ü  Entregar-me verdadeiramente ao momento dedicado à refeição: sentir o sabor, a textura, observar a cor e sentir o cheiro dos alimentos.
Consoante os dias foram passando, comecei a olhar para as refeições como momentos especiais e comecei a aperceber-me da necessidade de estar totalmente consciente do que estava a colocar dentro do meu corpo, observando como estava a comer e o porquê de o estar a fazer. Compreendi que quando estava a comer devia estar realmente a comer e não ao telefone, a ler ou a aproveitar para ver as redes sociais, pois ao fazer isto observei que era muito fácil entrar no piloto automático e perder completamente a noção do que estava a fazer – comer para me cuidar e me nutrir ao máximo em vez de devorar ou comer simplesmente para sobreviver.
Algumas rotinas e alimentos base destes 40 dias foram:
ü  Simplificar ao máximo;
ü  Começar o dia com água morna com limão (algo que já fazia há bastante tempo);
ü  Meditar meia hora;
ü  Ter um ótimo pequeno almoço (a minha refeição preferida) com batidos verdes, papas de arroz e maçã, pudins de chia, papas de trigo sarraceno, ovos mexidos em tosta de arroz, fruta, granola, papas de aveia…
ü  Fazer um lanche a meio da manhã com puré de maçã, cardamomo e canela ou frutos secos ou uma fatia de queijo ou um iogurte...
ü  Almoçar proteína com legumes ou salada;
ü  Ao longo do dia beber 1,5 a 3 litros de água simples ou aromatizada com casca de limão e hortelã ou casca de limão e morangos ou alecrim…
ü  Lanchar um iogurte, tremoços, fruta ou um batido de fruta e legumes;
ü  Jantar uma salada ou um prato de fruta no mínimo duas horas antes de me deitar;
ü  Beber alguns chás (matcha de manhã ou uma infusão à noite);
ü  Beber um copo de água antes de dormir.
Este desafio a que me propus fez-me também refletir e analisar com maior clareza a facilidade de acesso que temos a produtos processados e nutricionalmente muito pobres. Estes produtos têm na sua maioria preços bastante aliciantes e são de consumo fácil e rápido. Os supermercados e a indústria também contribuem para este lobby. Estão constantemente a bombardear-nos com publicidade e promoções bastante apelativas, num conjunto de produtos, por vezes até selecionados semanalmente, que incidem fortemente neste conjunto de alimentos, muito pouco ou até nada saudáveis. Logo, é muito importante estarmos conscientes das nossas necessidades nutricionais e da nossa família logo no momento de compra dos alimentos que trazemos para casa. É aqui que a escolha começa!
Se para nós adultos por vezes é difícil fazermos escolhas alimentares conscientes, imaginem para as nossas crianças e principalmente para os nossos adolescentes, que já são muitas vezes autónomos nas suas escolhas e compras.  Por conseguinte, é fundamental que, desde pequenos, tenham em casa exemplos de uma boa base de alimentação saudável, mesmo que às vezes até sejam pouco cooperantes (por exemplo a Di recusa-se a beber sumos verdes) mas desde pequena que todas as suas refeições incluem legumes. Esta educação alimentar permite às crianças e jovens irem ganhando capacidade de escolha e literacia na saúde e alimentação, de forma a que se tornem capazes de fazerem, sozinhos, boas escolhas alimentares. Acima de tudo que compreendam a necessidade de terem uma boa alimentação que lhes permita um desenvolvimento saudável e feliz do seu corpo e mente.
Confesso que estes 40 dias foram bem mais fáceis do que eu pensava até porque maioritariamente já tinha uma boa alimentação, mas apercebi-me de como facilmente nos podemos deixar enveredar por uma alimentação menos saudável. Para isso muito contribui não só a forma como estamos emocionalmente, mas também o ritmo alucinante a que muitas vezes andamos.
Destes 40 dias fica o lema less is more e alguns hábitos, comer menos e melhor, optar por produtos preferencialmente da estação, biológicos e não processados, reduzir o consumo de carne e peixe e evitar gorduras e açúcares. Fica também a descoberta de receitas diferentes e novos ingredientes como: germinados, alguns super alimentos e algas.
 Comer de forma Mindful, rodear-me de pessoas que tenham intenções semelhantes a nível alimentar e poder mostrar à Di a importância da alimentação enquanto elemento promotor de saúde, equilíbrio, felicidade e bem-estar são sem dúvida fatores que quero ter presentes na minha vida, não por 40 dias mas pelo menos por mais 40 anos.

Que a sua família também possa praticar Mindful eating!

Até já!

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