A importância dos afetos no desenvolvimento das crianças

quarta-feira, fevereiro 14, 2018





           Já há algum tempo que pensei em escrever sobre este tema, por observar e sentir a dificuldade que muitas crianças têm em demonstrar afetos, principalmente umas com as outras.
Escolhi o dia de hoje, pois cá em casa mais do que o Dia dos Namorados é um dia de celebração de afetos.  Serve para nos lembrar como é importante demonstrarmos o que verdadeiramente sentimos e que o podemos demonstrar com ações.  Não damos prendas, nem fazemos brincadeiras típicas deste dia, mas trocamos abraços, mimos e falamos sobre a importância de sabermos demonstrar carinho uns pelos outros.
Dar a mão, fazer uma festinha ou dar um beijinho são atos que muitas vezes as crianças rejeitam, reviram os olhos ou simplesmente se sentem intimidadas ou envergonhadas, pois não vêm estes gestos de forma natural. Talvez a nossa cultura demasiado formal também não ajude.
É na família e especialmente na relação que estabelece com a mãe ou com o cuidador principal que a criança vai criar, nos primeiros anos de vida, bases de amor, carinho e empatia fundamentais para que saiba reconhecer e comunicar ao outro o que se passa no seu interior. Se os pais comunicarem através de gestos e palavras amorosas a criança vai também ser capaz de comunicar nesta linguagem.
A demonstração de afetos contribui também para um maior vínculo afetivo, essencial ao desenvolvimento cognitivo e relacional. Assim, presenciarem os pais a darem as mãos, a abraçar-se, a darem festinhas na cara um do outro, a beijarem-se são gestos importantes a ser incluídos no dia a dia da família, pois ao vivenciarem estes momentos, as crianças vão tornar-se também mais afetuosas e mais competentes ao nível da inteligência emocional. O que significa que a criança adquire também mais capacidade não só para reconhecer as suas emoções, mas também para conseguir com mais facilidade captar as emoções do outro.
Sabe-se também que as famílias onde a demonstração de afetos é uma constante e onde há espaço para os seus membros poderem sentir genuinamente qualquer emoção, contribuem de forma bastante positiva e muitas vezes decisiva para o tipo de relações que a criança vai depois estabelecer fora do núcleo familiar, como a facilidade em fazer amigos e a capacidade de estabelecer boas relações com outras crianças e professores. Crianças que crescem nestes ambientes, na vida adulta, são também mais propícias a terem relações amorosas mais estáveis, equilibradas e satisfatórias.
As crianças aprendem essencialmente por imitação e nós, os pais, os professores, somos os seus primeiros modelos, por isso, como vamos querer que uma criança seja carinhosa e afetiva se nós não o formos?
Cada vez mais vejo meninos e meninas com dificuldade em demonstrar afetos.
Como professora, todos os dias, faço questão de distribuir muito carinho: dou colo, mimos, abraços, festinhas e muitos beijos aos meus alunos. Cumprimento também os seus pais com dois beijinhos, pois sinto que é uma forma mais próxima e agradável de nos relacionarmos e que ajuda a fortalecer e a criar uma relação mais segura entre todos nós.
Como mãe e como companheira, sei que às vezes sou demasiado mimenta (Será que esta palavra existe?), mas o que sinto é que mesmo com este frio e estando no inverno, o calor que me fazem sentir quando me abraçam aquece de tal forma o meu coração que me sinto imediatamente no verão. Enquanto nos abraçamos, não posso deixar de pensar que há tantas pessoas e tantas crianças que não têm este privilégio de se sentirem amadas.

 Não espere por amanhã, demonstre os seus sentimentos, HOJE, e permita que os seus filhos sintam a importância de se sentirem amados, únicos e especiais, entendendo que saberem demonstrar afetos vai contribuir para o seu crescimento saudável e equilibrado.

Até já!

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