Não consigo ficar indiferente à nossa conexão digital e desconexão humana.
Aqui na América, onde nos encontramos de férias, esta conexão digital é ainda mais visível, preocupante e assustadora. Vêem-se casais e famílias inteiras que não trocam palavras, que não se olham, que não se tocam entre si, mas que olham e tocam ecrãs quase descontroladamente. Homens e mulheres, pais e mães conectados somente às suas vidas virtuais sem interação humana. Enquanto as crianças estão ligadas a jogos ou filmes com auriculares para não incomodarem e ficarem igualmente em modo zombie digital. Quando olho à minha volta apenas um senhor não está agarrado ao seu oxigénio virtual porque todos os outros estão vidrados e absorvidos neste mundo ilusório de felicidade aparente, imediata e instântanea A primeira palavra que me vem à cabeça é: REFLEXÃO, depois MEDO!!!
Por um lado, sinto que estamos a criar uma população totalmente refém do digital, por outro afirma-se que nunca estivemos tão ligados como agora e que é importante acompanharmos a evolução tecnológica. Pessoalmente, considero esta "hiperconetividade" digital uma maleita e não um benefício. A maioria da população, desde os 6 meses, pelo menos, até aos 100 anos está afetada e sofrerá de consequências bem reais como problemas de socialização, isolamento, solidão, tristeza, expressão, comunicação, identidade... Diante de um ecrã acreditamos na ilusão de que nunca estamos sozinhos, pois estamos próximos dos desconhecidos, mas a verdade é que estamos mais desconhecidos dos que nos são próximos. Dizemos a nós próprios que estamos ligados ao Mundo, mas a realidade é que estamos a perder as ligações mais importantes das nossas vidas: aquelas que são reais! As que não dependem de teclados, mas sim de toques, que não se medem por likes, mas sim por afetos, que não precisam de seguidores, mas sim de presença, de palavras, de abraços e de conversas reais. Nunca estivemos tão sozinhos, tão isolados!!!
Como fazer com que atuais e futuras gerações saiam desta prisão constante, desta dependência, desta hiperconexão ao digital, desta ilusão???
☆ O primeiro passo talvez seja mesmo ativar o direito a desconectarmo-nos do digital para podermos conectarmos ao ser e ao estar no real;
☆ Depois, olharmos mais uns para os outros, abracarmo-nos, trocarmos afetos;
☆ Colocarmos limites aos nossos filhos na utilização de dispositivos eletrónicos e não cedermos a uma paz e sossego momentâneos para termos tempo para nós, mas sim criarmos tempo conjunto e significativo para todos;
☆ Procurarmos estar verdadeiramente presentes para os que estão ao nosso lado, valorizando-os e estando lá para eles;
☆ Investirmos nas relações, atendendo menos os telemóveis e mais os que estão à nossa volta: família, filhos, companheiros, amigos...
☆ Criarmos tempo para estarmos com quem faz o nosso coração bater;
☆ Colocarmos limites nos horários de trabalho, deixando emails e respondendo em tempo real aos que fazem parte do nosso dia a dia;
☆ Por último, refletirmos quem queremos ser e ao que nos queremos ligar.
Cyberzombies? Reféns da realidade virtual? Conectados ao vazio? Perdidos no tempo cibernáutico?
Ou
Pessoas humanas? Seres em presença? Capazes de amar, conversar, ser e estar? Conectados ao real e a outras pessoas reais e que verdadeiramente existem nas nossas vidas?
Cabe a cada um de nós decidir e auxiliar os nossos filhos na sua escolha! Tendo presente que este mundo virtual é sem dúvida aliciante e tentador, principalmente para os mais novos. Ainda assim, nunca vai trazer uma satisfação permanente nunca vai permitir uma ligação real, nunca vai criar uma conexão verdadeira.
Boas reflexões em família sobre este tema!
Partilhem nos comentários.
Até já!