O coração de uma mãe é a sala de aula do seu filho

segunda-feira, setembro 12, 2016




No ano passado, numa viagem que fiz à India, numa aldeia cheia de crianças, ouvi esta frase que me tem acompanhado e da qual me lembro diversas vezes: “O coração de uma mãe é a sala de aula do seu filho”.
Neste mês de setembro esta frase voltou! Voltou aos meus pensamentos e ao longo destes dias tem-me vindo à memória com maior intensidade. Por isso, achei que faria todo o sentido falar dela na semana em que, por todo o país, se fala em regresso às aulas, e que em tanto se fala em salas de aula mas que ninguém refere esta em particular.
Já fiz muitas aberturas de anos letivos e hoje percebo esta frase melhor do que nunca. As escolas preocupam-se em decorar salas de aulas, em receber crianças, mas esquecem-se de decorar e acarinhar a mais importante de todas as salas: o coração de uma mãe. E, dependendo de como esta “sala” esteja, todo o processo de integração na escola ou mesmo a aprendizagem da criança pode ser condicionada. Percebo que muitas situações poderiam ser evitadas se os corações destas mães fosse compreendido e estivesse tranquilo. Mas como pode estar? A maioria delas faz uma jornada diária de mais de oito horas, divididas entre empregos, maridos e filhos. Como é que ainda lhes sobra tempo para desenvolverem de forma consciente uma relação parental? Não sobra! Mas mesmo assim a maioria delas insiste, e por vezes, já totalmente desgastadas continuam a munir-se de energias extras para educarem os pequenos ou grandes rebentos que colocaram no mundo. Por isso, do que é que estas mães precisam para poderem SER MÃES e conseguirem ter no seu coração a sala de aula dos seus filhos?
Estas mães precisam de TEMPO, da COMUNIDADE e de espaço para SER. Precisam de tempo para elas, para se nutrirem, para se alinharem com as suas intenções e para se renovarem enquanto mulheres e enquanto mães. Precisam da comunidade para as ajudar, ouvir e apoiar em todos os sentidos. Por fim, precisam de espaço para poderem ser, para poderem encontrar-se e conhecerem-se. Como é que podem alcançar tudo isto? Em primeiro lugar CONFIANDO! Confiando em si próprias, confiando nos seus filhos e confiando em quem mais tempo passa com eles: os seus educadores ou os seus professores. Em segundo lugar tendo PACIÊNCIA! Paciência para todas as situações que vão surgindo, paciência para com o seu filho, paciência para com as pessoas que o rodeiam. E em terceiro, COMPAIXÃO. A compaixão ajuda-nos quando não podemos alterar as circunstâncias da vida; a tratarmos os outros da forma que gostaríamos de ser tratados; a desenvolver amor, simpatia, altruísmo e empatia para connosco através da auto-compaixão e com os outros.
Desde que sou professora sou também mãe. Concluí o meu curso em julho e em agosto do mesmo ano nasceu a Di. Assim sendo, não sei o que é ter vida profissional sem a Di porque ela sempre existiu. Por esta razão, desde cedo percebi que quanto mais empatia e mais confiança tivesse na pessoa a quem ia “entregar” a Di, mais alegre e confiante ela estaria também. E resultou! Ao longo da escolaridade da Di tenho-me deparado com vários colegas professores, sendo que me identifico mais com uns do que com outros. Porém, com todos pus em prática a minha MENTE DE PRINCIPIANTE e CONFIEI, acreditando que se escolheram esta profissão só o poderão ter feito por amor ao ensino, por vontade de transmitir conhecimento e por terem uma enorme paixão por crianças, logo acredito neles, e não me ponho a mandar bitaites sobre como e o que devem fazer na sua sala de aula. Simplesmente confio e penso que se nas outras profissões ninguém opina, nesta deveria ser igual. Sugestões de melhoria são sempre bem-vindas em todo o lado, mas descredibilização e constante “pôr em causa” prejudicam a evolução de todas as partes envolvidos no processo educativo.
O coração de uma mãe é a sala de aula do seu filho, por isso dificilmente um professor conseguirá ensinar aos seus alunos aquilo que uma mãe não ensina, nem colher os frutos de uma semente que uma mãe não tenha já plantado. Não se pode obrigar as árvores a crescer, como não se pode obrigar as mães, os professores e as crianças a crescerem se não estiverem preparados. Pode-se sim, criar as condições para que esse crescimento ocorra, de forma natural e a seu tempo. Tal como uma semente encerra no seu interior os nutrientes para que uma árvore nasça, também uma mãe encerra no seu coração, na sua sala de aula, os valores, ações e sentimentos que quer transmitir aos seus filhos. Diante disso, mães, vamos cuidar para que os nossos filhos aprendam, nas nossas salas de aula e nas salas de aula das escolas, a mesma mensagem de alegria e confiança com que nós os iniciamos e com que os educadores/professores dão continuidade transmitindo-lhes segurança de que tudo vai correr bem e que se não correr continuaremos sempre lá para os apoiarmos.
Nesta caminhada, que começa em casa e tem continuidade na escola, é importante que as crianças comecem por seguir as nossas pegadas e que acreditem em si e nas suas potencialidades, para que um dia sejam elas a deixar as suas próprias pegadas, que construíram com as ferramentas que encontraram no coração das suas mães, a sua primeira sala de aula.
Dedico este texto a todas as MÃES, a todas as CRIANÇAS, a todos os EDUCADORES e a todos os PROFESSORES.
Para TODOS um FELIZ ano letivo com muita ALEGRIA e muita CONFIANÇA!

Até já!

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