Já tenho vindo a refletir sobre a necessidade que nós, pais, temos de ter tempo para nós próprios. Teoricamente todos os pais sabem que é importante e até saudável tirarem tempo para si, mas a realidade é que nem sempre o fazem, e os que tiram tempo para si, admitem sentir-se culpados, por acharem que estão a “roubar” tempo aos filhos. Muitas vezes a sociedade e a própria família também não ajudam. Se for um dever profissional, parece haver maior compreensão, agora se o pedido for para ir ao cinema, fazer um fim de semana a dois ou simplesmente tirar um tempo sem os filhos, lá vem o sentimento de culpa. E quando não vem, alguém o relembra: O quê? Estás a dizer-me que precisas de ir ao cinema? – pergunta uma avó incrédula quando o filho lhe pede para ficar com o neto, pois está mesmo a precisar de desanuviar e ter um serão sem crianças. 

É verdade, os pais também precisam de tempo para si e de serões só com adultos! 

Aprendermos a cuidar de nós ajuda-nos a exercer uma parentalidade melhor e mais consciente, pois se as nossas reservas de energia e as nossas necessidades de amor, reconhecimento, contato e diálogo com outras pessoas estiverem preenchidas, vamos estar também mais disponíveis e com mais paciência para os nossos filhos, o que resultará em relações mais gratificantes para todos.

 As crianças precisam de pais saudáveis e felizes e todos os que convivem com crianças sabem o quanto elas são absorventes e por vezes até extenuantes. Portanto, recarregarmos as nossas energias é até uma questão vital para podermos ser bons pais e uma boa companhia para os nossos filhos, partindo de uma perspetiva de pessoas realizadas.

Tente recordar-se de uma situação em que perdeu a calma com o seu filho. Se se distanciar, o mais provável é que se aperceba que reagiu de forma impulsiva e pouco consciente, porque estava cansado, irritado e provavelmente não cuidou de si, das suas necessidades, o que resultou numa situação em que o desfecho foi desagradável, para si e para o seu filho. Quando isto voltar a acontecer, pare e avalie há quanto tempo não cuida de si.

Cuidando de si em primeiro lugar, vai depois estar mais disponível para estar com o seu filho de forma mais afetiva e descontraída. De seguida deixo-lhe algumas sugestões que podem ajudar:

- procure ter uma atividade, que lhe dê prazer e que se destine só a si;

- pense nas várias pessoas que podem ficar com o seu filho, por umas horas ou mesmo um fim de semana;

- habitue o seu filho a entreter-se sozinho (é bom para si e para ele);

- faça programas com adultos que também tenham crianças;

- cuide da sua imagem, que é bom para a sua auto-estima;

- aceite que é humano e comunique ao seu filho que está cansado, que teve um dia difícil…;

- tire tempo para se cultivar: ler, ouvir música…

Lembre-se: cuidar de si deve ser uma prioridade, enquanto pessoa adulta e responsável, pela sua felicidade e pela dos seus filhos.

Até já!