Faça o que sentir e o que o seu coração lhe disser
domingo, março 05, 2017São muitos os pais que acreditam que só os outros é que têm as respostas para as suas dúvidas/ perguntas e são também muitos os entendidos em fornecer conselhos, recomendações e até a dar bitaites sobre os filhos dos outros. Após o nascimento então, parece que todos tiraram um doutoramento em parentalidade. Toda a gente opina, é impressionante! Seja familiar ou estranho, são várias as pessoas que se dirigem aos recéns pais com tantas ideias e fórmulas mágicas de resolução de tudo o que de novo acontece nesta etapa que é difícil manter a tranquilidade tão necessária a esta fase. O bebé chora e vêm logo mil conselhos, o que naturalmente deixa os pais confusos e faz com que muitas vezes comecem a duvidar e até a questionar-se sobre as suas capacidades. A forma como esta interação é feita, por vezes é até intrusiva, não só para os pais como para a criança que não é respeitada.
Após uma
gestação, a mãe que já partilhou 9 meses de vida com o seu bebé na barriga,
sabe melhor do que ninguém o que é melhor para o seu filho. Os pais para além
de cuidadores são pessoas capazes e dotadas de inteligência, que já se
predispuseram a viver esta nova etapa desde a conceção. Que é onde tudo
verdadeiramente começa! Por isso, são perfeitamente capazes de assumir este seu
novo papel. Mesmo que ao início se
sintam perdidos.
É perfeitamente
natural surgirem dúvidas, pois está a dar-se os primeiros passos num mundo
totalmente novo.
Refletindo
sobre algumas afirmações do dia a dia e deste livro tais como:
A sopa é muito
importante para as crianças.
As crianças
não podem dormir na cama dos pais.
O pediatra diz
que o bebé só pode sair de casa quando tiver 4 meses.
Todas estas afirmações
que enumerei em cima, partem de convenções culturais e da sociedade que
podemos, ou não adotar. A não adoção destas práticas, não deve de todo deixar-nos
desconfortáveis ou fazer-nos sentir mal. Não há uma única maneira de colocar um
bebé a dormir nem um menu que tem que obrigatoriamente ser seguido por todos os
pais. Todos nós temos a nossa singularidade e cada família tem a sua dinâmica
sem ter que estar limitada dentro de algo tão restrito como o certo e o errado.
Aliás entre estes dois limites há uma panóplia enorme de outras possibilidades
que devem igualmente deixar-nos tranquilos, sabendo que existem muitas
estratégias para a mesma intenção e que todos nós nos preocupamos em ser bons
pais, seja o que for que isso quer dizer.
Ao praticar
uma Parentalidade Consciente, confirmei que grande parte dos pais já tem dentro
de si a resposta para as suas dúvidas/ansiedades. O que por vezes acontece, é
que necessitamos de uma validação externa, pois desde crianças que nos
condicionaram a esta dependência. Muitas
vezes, estamos também dependentes de uma aprovação social que nos impõe o que é
certo e errado fazendo-nos sentir inadequados se agirmos de outra forma que não
a convencional. A diferença ao praticar uma Parentalidade Consciente é que essa
validação vai sendo cada vez mais interna, sendo nós os construtores do nosso
próprio conhecimento em vez de procurarmos constantemente as respostas nos
outros.
Mesmo quando
nos sentimos confusos é bom, pois é através da confusão que vamos entrar num
processo de clareza.
Claro que
podemos pedir ajuda aos outros para nos ajudarem a clarificar a nossa
“confusão”, mas a resposta final é sempre nossa e esteve sempre dentro de nós. Mesmo
quando é um profissional da saúde ou da educação a dar os seus “conselhos” é
importante termos em conta que todos nós temos as nossas crenças, que por vezes
são limitadoras e vão também limitar/condicionar os outros. Na Parentalidade
Consciente, o convite é com curiosidade investigarmos o que estamos a sentir e o
que o nosso coração nos diz relativamente a determinada situação. Às vezes esta
investigação pode demorar algum tempo, por isso é aguardar com paciência e ter
confiança em nós.
Assim, quando
os outros se dirigirem a si com alguns comentários, por vezes nada agradáveis ou
cheios de soluções sobre como lidar com o seu filho, quando nem sequer lhes
perguntou nada permita-se escutar o seu coração sentindo que respostas se
revelam perante os desafios que lhe surjam. Com sabedoria, utilize-as e a
partir de um lugar de amor, caso necessite, confirme apenas as suas dúvidas com
aqueles que realmente lhe são importantes pois sabe-se que “há uma necessidade profunda, em todos nós de
ser confirmado e validado pelo outro”. (Matt Licata)
Até já!
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