Parentalidade Consciente em ação, porque vale sempre a pena

quinta-feira, março 09, 2017

Há exatamente um ano atrás, publiquei na Revista Zen Kids um texto que tem muito significado para mim, pois na situação que lá se descreve sobre o início de dia em família pude testemunhar, pela primeira vez, os efeitos da prática da Parentalidade Consciente em ação. Poderá encontra-lo aqui. (páginas 24 a 29)
Como nada acontece por acaso, ontem de manhã deparei-me novamente com uma situação matinal bastante stressante, o que já não acontecia há muito tempo.
Após uma série de episódios decorridos ao longo da semana (esquecimento da data dos testes, quarto num caos, mochila da escola por fazer e restantes responsabilidades pessoais e escolares completamente em estado amnésico), nessa manhã, quando finalmente eu e a Di chegámos ao carro, já em cima da hora, ouço: Mamã esqueci-me da bolsa do telemóvel e do cartão da escola. 
Explodi! Transformei-me numa verdadeira “mamã monstro” e gritei exasperada que era inadmissível e que tínhamos falado a semana toda sobre responsabilidade, organização e que de nada tinha valido…
Entrámos no carro, pois já não havia tempo de voltar a casa, comigo muito dececionada.
A Di, muito conscientemente, tentou chamar-me à razão: 
Mamã precisas de ser tão agressiva?
Não sabia que ias ficar tão chateada só porque me esqueci do telemóvel e do cartão da escola em casa. 
Mas eu continuei num discurso ressentido e dececionado, carregado de julgamentos. Quando a Di saiu do carro com os olhos cheios de lágrimas e me disse até logo, eu só não tinha lágrimas nos olhos, porque de resto estava bem triste comigo e cheia de culpa por ter de reconhecer que naquela manhã as minhas ações estavam desalinhadas com a vivência da parentalidade a que me propus e por ter percebido que agi de uma forma que já não me serve, com a qual já não me identifico e que pensei que já tinha ultrapassado, mas que ainda cá está.
Durante a manhã, fiz uma PAUSA e voltei a rever as minhas INTENÇÕES. Com uma atitude amiga para comigo, muita ternura e muita compaixão por mim, fui ao encontro do meu sentimento de culpa e das razões que verdadeiramente me levaram a reagir em vez de escolher uma resposta consciente ao que se tinha passado. 
À hora de almoço fui buscar a Di à escola e quando olhei para aquele sorriso e aqueles braços abertos a acolherem-me senti uma felicidade enorme pela qualidade de relação que estabeleci com a minha filha desde sempre e que a Parentalidade Consciente tanto tem ajudado a florescer. Pedi-lhe desculpa e ela a mim. 
Definimos conjuntamente um conjunto de estratégias para ajudarem a Di nas questões da responsabilidade e organização e eu relembrei os meus limites de sair de casa no horário combinado para chegar ao trabalho a horas.
Depois, veio-me uma sensação de bem-estar ao relembrar o tipo de Parentalidade que me propus praticar e percebi que nem sempre é fácil, mas que é exatamente nestas alturas difíceis que mais feliz me sinto por ter abraçado esta forma de me relacionar com a Di.

Até já!
 

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