Aqui estou eu totalmente rendida à grandeza e esplendor destas pujantes cascatas de beleza indescritível que vejo à minha frente. É neste cenário que me apercebo de quanto a natureza é importante para me centrar, alinhar, reencontrar e confirmar intenções. Como o faço? Parando, observando e escutando o que o meu coração tem para me dizer.

Parar

Preciso de parar para ser capaz de apreciar esta cascata maravilhosa, este milagre da natureza. Preciso de saber parar para conseguir acompanhar o ritmo frenético do dia a dia e estar presente, com atenção plena, nos momentos felizes e nos momentos desafiantes, gerindo de forma consciente as emoções que me surgem. Para que não me passem ao lado situações ou momentos que mais tarde poderei lamentar não me ter apercebido, tenho que parar. Parar é essencial no mundo multitasking em que vivo, porque, para mim, não há nada como uma pausa para ajudar a que tudo fique bem. O meu cérebro agradece e a minha paz interior também. As crianças também precisam de saber que podem e devem parar, para conseguirem compreender-se melhor e serem capazes de comunicar o que se passa no seu interior. A hiperestimulação a que estão sujeitas não ajuda, por isso cabe-nos a nós proporcionarmo-lhes momentos de pausa.

Observar

Observar, sem esforço. Ficar simplesmente a notar a cor da água, a sua temperatura nos meus pés, o seu cheiro, o barulho que faz ao cair, os sons que me rodeiam, os salpicos que me vão caindo na cara. Existem muitas situações em que vamos mesmo ter que saber observar o que está a acontecer à nossa volta, sem interferirmos e aceitando exatamente o que está a acontecer, por isso é bom ir treinando esta arte. Observar as atitudes dos nossos filhos sem julgamentos e com aceitação ajudam-nos a ajudá-los e a compreendê-los melhor.

Escutar o coração

Escutar o coração parece fácil, só que em primeiro lugar é preciso serenar a mente, o que por vezes é desafiante. Enquanto observo a cascata dou-me conta que não penso em nada e penso em tudo. A mente é assim mesmo, procura sempre algo para se entreter. Só que hoje, rodeada por toda esta natureza só quero sentir. Por isso, fecho os olhos, paro e observo o que vai dentro de mim e o que estou a sentir. É tão bom quando nos permitimos sentir! Estou a sentir saudades. Muitas saudades! Saudades da minha filha querida, saudades da sua voz, da sua pele, do seu cheiro, dos seus beijinhos e dos seus maravilhosos abraços. Inspiro e expiro com este sentimento. Mantenho os olhos fechados e sinto em cada queda de água todo o amor, alegria e doçura das diversas fases da minha vida com a Di. Gostava tanto que ela aqui estivesse! Quase que a sinto perto de mim.
Ela está de férias com o pai e sei que está bem. Eu também estou de férias e também estou bem. Só que dentro do meu coração escuto a saudade e sei que só a consegui ouvir porque parei, observei e me permiti escutá-la. Quantas vezes ignoramos ou fingimos que determinados sentimentos não existem em nós porque não paramos, não observamos e não deixamos vir ao de cima a voz do coração?
Ajudarmos, desde pequeninos, os nossos filhos a saberem escutar a voz do seu coração é um privilégio que só podemos dar-lhes se soubermos fazê-lo connosco.
Quando escuto o meu coração entendo coisas que a minha mente tem dificuldade em traduzir e cultivo a minha inteligência emocional. Consigo entender que tudo o que muitas vezes procuro, na realidade está dentro de mim e só depende de mim.

Paremos,  observemos e escutemos o nosso coração para que nos seja possível entender o que se passa dentro de nós e para que essa sabedoria interior se estenda a todos os que estão à nossa volta.
                                                                           Até já.